( Visite os links de trechos do filme e fotos Still no final do Post)
Um filme de Edu Felistoque e Nereu Cerdeira
apresentam
MUSICAGEN
Um documentário que não pretende explicar nada.
NEREU CERDEIRA - A idéia deste filme surgiu quando estávamos filmando o curta metragem “Zagati”, em 2003. Como o Zagatti é um catador de lixo que trabalha com reciclagem, o diretor musical do filme, Nelson Fonte, sugeriu que toda a trilha do curta fosse feita com instrumentos reciclados. Foi então que ele nos apresentou o Fernando Sardo, um especialista neste tipo de som, um sujeito que constrói violinos a partir de caixas de bombons, este tipo de coisa. Com este novo som em nossos ouvidos e em nossas cabeças, começamos a discutir, afinal, o que é Música? O que é Som? E por aí foi.
- E em que momento vocês sentiram que esta discussão poderia render um filme?
EDU FELISTOQUE – É engraçado isso. Antes de nos apresentar o trabalho do Fernando Sardo, o Nelson Fonte nos sugeriu uma trilha sonora toda feita com sintetizadores. O Nereu e eu recusamos a trilha, argumentando que a gente queria “música de verdade”, e não sintetizada.
Num segundo momento então o Nelson nos apresentou as músicas do Sardo, mas sem dizer uma só palavra que aquele som era totalmente feito com instrumentos “inventados” ou criados a partir de material reciclável. Ouvimos e ficamos apaixonados. Mas foi uma espécie de “pegadinha” que o Nelson nos pregou, pois só depois que a gente aprovou a trilha que ele nos revelou que a tal “música de verdade” que a gente queria havia sido totalmente executada por instrumentos “inventados” e reciclados. Incluindo um violino de lata (risos).
Bom, nós não acreditamos, achamos que era brincadeira do Nelson, até que a trilha foi tocada na nossa frente, com aqueles instrumentos pra lá de esquisitos.
NEREU CERDEIRA – Foi aí que a gente pensou: “Nossa, como somos preconceituosos!”.
EDU FELISTOQUE - Por conta desta apresentação do violino de lata, eu me lembrei de ter presenciado alguns ensaios dos shows do Gilberto Gil, onde ele passava o som e falava “mais azul, mais vermelho”. E na minha cabeça eu pensava: ele está passando o som ou a luz? (risos). Bom, na interpretação de Gil, o som agudo era azul, e o grave, vermelho. O som para ele era colorido. Como sou músico frustrado, fiquei remoendo esta história por algum tempo, até encontrar o Nereu que me propôs o “descobrimento” da Música. Porque o filme é isso, nós descobrindo algo que gostamos, porém sabemos muito pouco, que é a Música.
Eu acho que a melhor maneira de se descobrir alguma coisa que a gente não conhece, mas quer aprender sobre ela, é fazendo um filme sobre esta coisa. E assim nasceu MUSICAGEN.
NEREU CERDEIRA – Bom, ficamos bastante constrangidos quando vimos que era um violino de lata que produziu o som que achamos tão maravilhoso. E foi assim que surgiu a idéia de fazer esta mesma experiência, esta mesma brincadeira, com os maestros Júlio Medaglia e Daniel Misuik, registrando no filme as reações deles. Foi muito divertido! A gente passava pra eles o fone de ouvido, eles escutavam a música, sem saber do que se tratava, eles analisavam o som, falavam tudo o que achavam sobre a música, e só depois a gente apresentava os instrumentos pra eles. É muito legal perceber as reações dos depoentes, ver a cara que o Maestro Misuik faz quando sente que foi pego pela molecagem dos cineastas, a expressão do Seu Nenê da Vila Matilde quando reconhece um instrumento apresentado pela equipe como um que ele fazia quando menino.
O filme também é isto. Fomos buscar junto a estas figuras a impressão do som, o que cada um representa, a busca inconstante pela música.
EDU FELISTOQUE – A música é uma forma muito antiga de comunicação, que passa muita emoção. E a pergunta é: como uma coisa dessas pode se transformar em um produto comercial? Hoje o que parece valer mais do que tudo é a produção industrial de CDs e DVDs, ganhar dinheiro e viver da fama. Decidimos pesquisar também este panorama atual. O filme acabou sendo uma experiência sensorial para apaixonados por música, como eu. Nós falamos experiência porque queríamos testar vários setores e leituras da música, testar as reações que conseguiríamos obter com o teste da apresentação de um som inusitado, e a partir desta inquietação começamos a colher o material para o filme.
NEREU CERDEIRA - Como a gente trabalha com Cinema, para começar o filme resolvemos exatamente fazer um comparativo da música com o Cinema, desde a criação, como é o processo criativo de cada músico, principalmente do Fernando Sardo, que também é luthier. Quisemos incluir todos os estágios da criação musical, até o produto final, a Música pronta para ser absorvida pelo mercado. O filme tentou mapear todo este processo, do início ao fim, com essa experiência sensorial, misturando duas vertentes: a comercial e a sensorial. Daí surgiu MUSICAGEN, que é um nome que já diz tudo.
- Pra mim não diz, não (risos). O que significa esta palavra?
EDU FELISTOQUE – MUSICAGEN é um neologismo, um título escolhido pelo Nereu, uma palavra que lembra molecagem, brincadeira. Um tipo de música como deve ser, que vem direto da alma. A palavra termina com a letra “n” para confundir mesmo, para perturbar, para fugir do que é comum e tradicional. O correto seria terminar com “m”, mas a gente não está em busca do que é o correto. Então está errado? Não, não está errado. É apenas uma provocação.
Tem até um momento do filme em que o Abujamra diz que prqa vender melhor, tudo precisa ter um bom título. E é exatamente o que aconteceu com MUSICAGEN. Vamos tratar de Música, mas de uma forma espiritual, de alma, que é o que ele faz.
Além do que tem o “gen” de Genética embutido no título.
- Vocês sabem que dificilmente MUSICAGEN baterá a bilheteria de Batman e Homem-Aranha, certo?
NEREU CERDEIRA (fingindo espanto) – Ah, não!!! (risos). A gente sabe que o filme é difícil, justamente por ser provocativo, mas é esta exatamente a intenção. É um filme de detalhes, de sutilezas, que está muito nas entranhas. Não é pra sentar, consumir e se divertir. É um onde as expressões de cada depoente contam demais.
Foi uma experiência total, mas a gente sabia o que queria: ir no fundo da genética da Musica, vamos descobrir, vamos entender o que é essa Música, de onde ela vem, como se cria e como ela soa no ouvido de cada especialista no assunto.
O que contribuiu muito também a montagem do Renato Neves. Ele pegou muito bem esse espírito. Se você perceber, o filme tem muito ruído de imagem, sujeira, tudo muito cru. Isso faz parte da discussão entre o que é som e o que é ruído.
EDU FELISTOQUE - O filme também se preocupa em ver as reações de representantes de vários setores musicais, do erudito ao popular, do sambão à musica clássica, passando pelo rap que é um mix moderno, passando pela world music do Abadia Sadi, o Seu Nenê que é o sambão, enfim, essa preocupação de atingir e ver a reação dessas varias vertentes musicais. O filme foi acontecendo na medida em que filmávamos, porque nós descobríamos e investigávamos à medida que a curiosidade sobre o tema aumentava. Foi por conta destas descobertas que aconteceram durante as filmagens que surgiu a idéia do debate virtual entre o Maestro Júlio Medaglia e o Thaíde, que teve um resultado interessantíssimo, com cada um falando no seu tempo o sentido que a Música traz para eles. No início desse debate você pensa que eles estão brigando feio, mas no final percebe que eles falam a mesma coisa, no sentido musical. Isso a gente foi descobrindo, o filme é livre de construção, o cinema de invenção como a gente brinca no meio do filme, música de invenção, essa grande inventividade.
NEREU CERDEIRA - O que se discute também em MUSICAGEN é a importância do trabalho do músico ser reconhecido pelo grande público. Não adianta o músico falar que não quer ser celebridade, porque no fundo ele quer que seu trabalho seja conhecido e apreciado pelo maior número de pessoas, por mais alternativo que ele seja.
EDU FELISTOQUE - A gente provoca muito, a gente pergunta muitas vezes o que é fama. Fama é muito relativo, mas cada um dos depoentes necessita dela, cada qual a seu modo. Na Música e no Cinema é a mesma coisa. Não existe esta história de “eu não faço isso pra buscar fama, não quero ser celebridade”. O artista sempre quer mostrar seu trabalho e ser reconhecido por ele.
- O jeito de cada depoente ser creditado no filme também é bem diferente, não?
EDU FELISTOQUE – Bom, o filme está cheio de molecagem. Uma delas foi nomear os depoentes em tom de brincadeira. Por exemplo, o Júlio Medaglia, que é um super estudioso do assunto, é o “músico teclabranca”. Bom, isto na nossa cabeça, mas o público está livre para achar outras respostas para estas nomenclaturas. A resposta destas nomenclaturas depende do que o indivíduo sentiu ao ver o filme, é de livre interpretação.
É uma brincadeira. Existe uma subjetividade enorme, volto a dizer, nossos filmes sempre perguntam pra caramba, sempre perguntando e sem se preocupar em responder, em explicar. Quem responde é o público. Eu acho uma delicia, porque a gente não entrega o pacote pronto, então o filme continua a ser exibido depois da sala de cinema, na cabeça de cada um.
- Por que vocês, como cineastas, optaram por também aparecer diante da tela, deixar transparecer o equipamento de filmagem, estas cosias? É uma tendência do documentário atual?
NEREU CERDEIRA – Pra nós é importante humanizar, desmistificar, tirar os músicos do pedestal pra gente se colocar junto com eles. Pra nós, um super luthier e um fabricante de instrumentos de lata têm o mesmo valor.
O filme não tem a pretensão de ser certo, porque isto é muito relativo. Por isso em várias cenas nós, os diretores, aparecemos tirando dúvidas com as pessoas que participam do filme. Nós estávamos mergulhados na idéia de descobrir o que é música, som, ruído e fazer com que o espectador participasse deste processo de descoberta junto conosco.
EDU FELISTOQUE - Outra característica do filme é desmistificar a questão de que música boa não chega na periferia porque é muito cara. A partir do momento que mostramos que um violino de R$1,00 tem um som de ótima qualidade e as pessoas que moram na periferia têm interesse em aprender a tocá-lo, nós provamos que este mito não existe.
Outra coisa que descobrimos juntos com o espectador é o interesse que músicos consagrados como o Abujamra e o Abadi demonstram em tocar os instrumentos reciclados. É muito interessante perceber a descoberta dos sons que eles fazem e suas reações. Não sei se isto tem a ver com o fato dos dois fazerem world music, porque os outros músicos entrevistados não demonstraram interesse em pegar o instrumento e senti-lo.
- Ficou muito material de fora na hora da montagem?
EDU FELISTOQUE - Bom, você sabe que diretor em sala de montagem é complicado, né? Sim, nós tivemos que cortar muita coisa, tinha um material que daria pra ser proveitoso, só que também precisa adequar o filme ao mercado, ao público. Dava muito bem pra fazer um filme de duas horas e meia ou três horas de duração. Mas ele ia interessar especificamente ao público musical.
Optamos por uma edição bem mais enxuta de 75 minutos para deixar o filme mais acessível a um maior numero de pessoas.
NEREU CERDEIRA - Tem muita coisa interessante que vai ficar para os extras do DVD. Desde a criação até a indústria. Principalmente a parte do “faça seu instrumento para fazer a sua música”, essa idéia de que o instrumento não precisa ser caro.
FICHA TÉCNICA COMPLETÍSSIMA:
MUSICAGEN
Documentário, Brasil, 2008
75 minutos
Direção e Roteiro:
Edu Felistoque e Nereu Cerdeira.
Depoimentos de:
BADI ASSAD - Violonista, compositora e cantora.
ANDRÉ ABUJAMRA - Músico, compositor, cantor.
· SEU NENÊ DA VILA MATILDE - Fundador da Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, sambista.
MAESTRO DANIEL MISIUK - Maestro do Theatro Municipal de São Paulo, violonista, educador.
MAESTRO JÚLIO MEDAGLIA - Maestro, arranjador, apresentador e locutor na rádio Cultura AM.
THAÍDE - Rapper, compositor, pensador, escritor.
Produtora : Assunção Hernandes
Produção Executiva: Edu Felistoque e Luciana Okawara
Direção de Produção: Edu Felistoque.
Direção de Fotografia: Caco Souza.
Direção Musical: Nelson Fonte.
Montagem e Edição de Som: Renato Nery.
Transfer/35mm: Wrander Cine & Vídeo: Airton, William e Eduardo.
Técnico de Som: Kadu Melo.
Som Direto: Igor de Lima Pêra.
Produção: Cecília Mota, Fabrício Marinho, Zeca Paixão, Juliana Campos,
Lu Lopes, Debora Gesualdi , Leonardo Mecchi, José Bosco
Contabilidade : Roberto Fernandes
Controller : Maraci Mello
Assistente de Direção: Marcos Gonçalves.
Assistentes de Produção: Marina Segalla e Pablo Casalle.
Operadores de Câmera: Edu Felistoque, Emerson Bueno, Fernando Sardo, Janílson Lima, Jean Carlo Velloso, Júnior, Mirian Matsuda Sardo, Nereu Cerdeira,
Renato Nery, Zeca Paixão.
Eletricista: Janílson Lima.
Motoristas: Marcos Crozino, Sérgio Cabral.
Montagem off-line: Conrado Pêra.
Assistente de Montagem off-line: Guga.
Som e mixagem: Zons e Leo.
Produção lançamento : Rafael de Franco
Assessoria de Imprensa e Press Book: Planeta Tela – Celso Sabadin
e Carolina Bressane.
Comercialização : Vítor Meloni
Versão para o Inglês: Silvio Puertas.
Laboratórios: Cinema São Paulo/ Labocine.
Participações Especiais:
Alessandro da Silva - Diretor Artístico da Gravadora Sonopress, chefe de Antônio Gonçalves, não conhece o Sardo.
Antônio Gonçalves - Técnico de Som da Sonopress, subordinado de Alessandro da Silva.
Fernando Sardo - Luthier, músico, educador, pai da Kiara, marido da Miriam, amigo do Bira, fundador do GEM - Grupo Experimental de Música.
Bira - Músico, percussionista, amigo e parceiro de Fernando Sardo.
Flávio Cruz - Músico, compositor, ex-aluno de Fernando Sardo.
Edu Felistoque - Diretor, roteirista, fotógrafo, cinegrafista, parceiro de Nereu na direção do filme.
Nereu Cerdeira - Diretor, roteirista, parceiro de Edu na direção do filme.
Miriam M. Sardo - Dançarina, professora de dança, mãe de Kiara e esposa de Fernando Sardo.
Maria Ângela do Rosário - aluna de Fernando Sardo.
Zenália Pereira Veloso - aluna de Fernando Sardo.
Juliana Campos - Assistente de produção.
Grupo GEM - Fernando Sardo, Bira, e seus ex-alunos Flávio, Rodrigo, Léo, Sallun e Fábio.
Kiara M. M. Sardo - Filha de Fernando e Miriam Sardo.
Rodrigo O. P. Santos
Luciano Sallun
Leonardo Cinezi
Fábio A. S. Marques
André Mattos Pereira
Agradecimentos:
SESC Itaquera, SESC Ipiranga, SESC Interlagos, SESC Santo André, EMIA de Santo André, Luciana Okawara e família, Juliana Campos e família, Camila O. Sautchuck, Farid Tavares, Janilson Lima, Igor de Lima Pêra, Studio Mosh, Conrado Pêra, José Carlos Donato da Silva, Antônio Sardo, Antônia Aparecida Gasparini Sardo, Nelson Fonte, Sílvio Puertas (Dublamax), Teatro Municipal de Santo André, Antônio Riva (Depósito de Lixo de Santo André), Família Felistoque, Família Cerdeira, Diego Cagnani, Vila Brasilândia, Ricardo Lise, Dona (Tia) Alice, Fundação Padre Anchieta, Sonopress, Pizzaria Só Riso, Gisele L. R. Azevedo, Rozini Instrumentos Musicais, Paulo Mario Balduíno, Hilda Pereira Lucera, Antônio Carlos Laroza, Jorge Pires de Lima, Ernesto Teixeira Coelho, Eduardo José Moreira, Fernando Gerardi, Vanilda Fernandes, Gracinda Eustáquio dos Santos, Ana Paula da Silva, Carlos Rogério Amorim, Rodrigo Yuji Ito, Lílian Godinho Hokama, Flora Reyes, Edgar Armeliato, Matheus Augusto Ferreira, Ricardo Henrique Ávila Lupe, Gilmar Francisco Oliveira, Renata Franco Severo, Ananda Estefânia Pliopas Pereira, Murilo Martin Lana Raposo, Vera Lúcia A. Navarro Aceto, Oswaldo Junior Torregan, Larissa Padula Ribeiro da Fonseca, Keila Cristina Tayra Yonashiro, Vera Lúcia Verbisch Bombonatti, Viviane Ap. Moura Pini, Eliane Aparecida dos Santos da Silva, Marisa Helena Santiana, Ligia Chagas D. Dias, Gisele Lovalho Vicenzi, Aguimar Nunes de Souza, Tiago da Silva, Patrícia Rita Faulatino, Paula Squarcino Simionato Sciola, Alexandre Menghi Vendruscolo, Alexandre de Jesus, Edgar Calixto da Silva, Cristiane M. Q. de Jesus, Alberto Alves da Silva, Giselle Loiacono Ramos de Azevedo, Rodrigo Oliveira P. dos Santos, Fabio Augusto de Sousa Marques, Débora M. Lobato, Everton M. Lobato,
Veridiana Jordão Costa, Rosemeire Pintor Fabri, Luiz Fernando Garcia dos Reis,
Elisângela Caboclo da Silva, Leonardo de Laquila, Valter Jursys Filho, Terezinha Viveiro Cabral de Almeida, Jackeline Melanias dos Santos, Kelvin Melanias dos Santos, Cristian Huaiquiñir, André Mattos Pereira, Antônio Machado, Anjinho.
DISTRIBUIÇÃO : Poli Filmes / Raiz Distribuidora
Um filme de Edu Felistoque e Nereu Cerdeira
RAIZ PRODUÇÕES
EDU FELISTOQUE FILMES
e
NC7 FILM
EDU FELISTOQUE FILMES
e
NC7 FILM
apresentam
MUSICAGEN
Um documentário que não pretende explicar nada.
“Essas músicas mais idiotas que são feitas hoje em dia no Brasil
são boas para a indústria porque você se enche o saco logo
e joga tudo no lixo.”
Maestro Júlio Medaglia
Direção e Roteiro:
Edu Felistoque e Nereu Cerdeira.
Depoimentos de:
são boas para a indústria porque você se enche o saco logo
e joga tudo no lixo.”
Maestro Júlio Medaglia
Direção e Roteiro:
Edu Felistoque e Nereu Cerdeira.
Depoimentos de:
FERNANDO SARDO - pesquisador e construtor de instrumentos musicais de cordas, sopro e percurcussão.
· BADI ASSAD - Violonista, compositora e cantora.
· ANDRÉ ABUJAMRA - Músico, compositor, cantor.
· SEU NENÊ DA VILA MATILDE - Fundador da Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, sambista.
· MAESTRO DANIEL MISIUK - Maestro do Theatro Municipal de São Paulo, violonista, educador.
· MAESTRO JÚLIO MEDAGLIA - Maestro, arranjador, apresentador e locutor na rádio Cultura AM.
· THAÍDE - Rapper, compositor, pensador, escritor.
SINOPSE CURTINHA PARA O EDITOR DO ROTEIRO CULTURAL QUE NÃO VAI TER TEMPO DE VER O FILME:
Documentário que investiga a Música e suas vertentes, da criação à distribuição, através do confronto de opiniões de músicos, empresários, acadêmicos, artistas eruditos e populares.
SINOPSE MAIORZINHA PARA OS VEÍCULOS QUE PUDEREM DAR UM ESPAÇO MAIOR PRA GENTE:
Documentário que investiga a Música e suas vertentes, da criação à distribuição, através do confronto de opiniões de músicos, empresários, acadêmicos, artistas eruditos e populares. Esta investigação é feita a partir da música e da vida de Fernando Sardo, um luthier que tira uma sonoridade incomum de instrumentos criados com materiais reciclados. O filme traz depoimentos de André Abujamra (músico e compositor), Júlio Medaglia (maestro, arranjador, apresentador e locutor na rádio Cultura AM),. Seu Nenê da Vila Matilde (fundador da Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, sambista), Daniel Misiuk ( Maestro do Theatro Municipal de São Paulo, violonista, educador), Thaíde (rapper, compositor, pensador, escritor), Fernando Sardo (músico, compositor e luthier de reciclados), Badi Assad (violonista, compositora).
Musicagen é um neologismo sonoro, um caleidoscópio musical.
CRÍTICA POSITIVA PARA O CRÍTICO QUE GOSTOU DO FILME MAS NÃO VAI TER TEMPO DE ESCREVER A MATÉRIA:
Dirigido por Edu Felistoque e Nereu Cerdeira, o documentário “Musicagen” agrada não apenas a quem se interessa por Música, como também a todos aqueles que tenham o desejo de investigar um pouco mais a fundo o universo dos compositores de um modo particular, e a indústria cultural de uma forma mais ampla.
A partir do trabalho alternativo desenvolvido pelo músico Fernando Sardo, o filme confronta depoimentos dos mais interessantes, de compositores e maestros das mais variadas vertentes, do erudito ao popular, criando assim um instigante painel da diversidade musical e cultural do nosso país.
(insira aqui o nome do crítico do seu veículo).
CRÍTICA NEGATIVA PARA O CRÍTICO QUE NÃO GOSTOU DO FILME MAS NÃO VAI TER TEMPO DE ESCREVER A MATÉRIA:
O documentário é confuso e não marca posição sobre nada. Tenta ser moderninho e experimental, pretende brincar com a linguagem cinematográfica, mas se esquece que cinema é coisa séria. Tudo bem, os depoimentos de André Abujamra são divertidos, mas ele está meio gordo para o papel. E o Júlio Medaglia deveria ter se penteado melhor antes das gravações.
Com certeza será mais um filme de Edu Felistoque e de Nereu Cerdeira que não será indicado ao Oscar. Melhor programa é ficar em casa e ver um bom musical dos anos 50 na TV paga.
(insira aqui o nome do crítico do seu veículo).
RÁPIDAS BIOGRAFIAS E FILMOGRAFIAS.
CINEASTAS:
EDU FELISTOQUE e NEREU CERDEIRA dirigiram juntos o curta “Zagati” (2001), vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado, Melhor Roteiro no Festival de Recife e Melhor Documentário no FAM (Florianópolis). “Zagati” ainda recebeu prêmios no Port Townsend Film Festival (EUA), e nos Festivais de Teresina, Ceará e Curitiba.
A dupla dirigiu também o curta “Boi” (em 2003, exibido em Festivais pela Europa e EUA, e em mais de 15 eventos pelo Brasil) e o média “O Papel Principal”, de 2006.
Ainda a quatro mãos, dirigiram o longa de ficção “Soluços e Soluções”, de 1999.
EDU FELISTOQUE é o diretor do curta “Davi Contra os Paus-Mandados de Golias” (2007), e do média metragens “Trilhos Urbanos”, de 2005.
Dirigiu também os longas “Transe ou Transição” (2004) e “Nove Ponto Oito” (ainda inédito). No momento finaliza o longa de ficção “Inversão”, previsto para estrear em 2009.
NEREU CERDEIRA dirigiu os curtas “Cavalheiros” (2000) e “Leve-me ao Seu Líder” (2005).
DEPOENTES:
FERNANDO SARDO é pesquisador e construtor de instrumentos musicais de cordas, sopro e percussão. Para realizar seu trabalho, mistura música com artes plásticas, resultando na criação de instrumentos musicais e de esculturas sonoras construídos com matérias-primas nativas como cabaça, bambu, madeira, pedra e também metal, vidro, papel e plástico. Realiza oficinas de lutheria experimental (construção de instrumentos musicais) por todo o Brasil e exterior desde 1989. No cinema, foi diretor musical do curta-metragem “Café Amargo” (2000).
ANDRÉ ABUJAMRA, músico e produtor, estreou no cenário musical em 1985 com a terceira menor big band do mundo: a dupla “Os Mulheres Negras”. De lá para cá tornou-se selo de qualidade e criatividade em produções musicais. No cinema assinou a direção musical de várias montagens da nova safra do cinema nacional. Entre elas, “Carlota Joaquina”, “Os Matadores”, “Ação Entre Amigos”, “Domésticas”, “Bicho de Sete Cabeças”, “Durval Discos”, “Carandiru” e “Caminho das Nuvens”.
BADI ASSAD, irmã caçula dos violonistas Sérgio e Odair Assad, também seguiu carreira musical. É violonista, cantora, percussionista e compositora. Na década de 80, começou um movimento de exploração da voz e percussão do próprio corpo, sendo estas as marcas registradas de seu trabalho.
BIRA AZEVEDO, aluno de Fernando Sardo, integra o Grupo Experimental de Música, GEM. Assim como Sardo, pesquisa novos materiais para construção de instrumentos musicais, fazendo sons nunca ouvidos antes.
DANIEL MISIUK é maestro do Theatro Municipal de São Paulo, violonista e educador. Diretor artístico do projeto Theatro Municipal Visita, também é responsável pela Orquestra Acorde para as Cordas, formada por jovens carentes.
SEU NENÊ DA VILA MATILDE, neto de escravos, sambista e fundador da escola de samba que leva seu nome, começou no carnaval paulistano na década de 50. Sua história se confunde com a história do carnaval da cidade de São Paulo.
JÚLIO MEDAGLIA é um maestro que quebra barreiras no cenário da música brasileira, já enfrentou vários desafios ao montar peças ao ar livre para mais de 40 mil pessoas e ao criar a Orquestra Sinfônica Amazonas, do Teatro Amazonas em Manaus. Além de comandar programas sobre música erudita na Rádio Cultura de São Paulo. Também foi peça fundamental nos movimentos do Tropicalismo e dos Grandes Festivais da Record.
THAÍDE é um dos pilares do movimento hip hop no Brasil, apresentou o rap nacional ao mundo em 1988 com o disco “Cultura de Rua”. No cinema participou do filme “Antônia”, com o personagem Marcelo Dinamite.
ONDE “MUSICAGEN” JÀ ESTEVE:
Mostra Internacional de São Paulo - 2005 - Brasil .
Mostra do Audiovisual Paulista - 2005 – Brasil.
Festival de Cannes - Exibição Screenings - 2006 – França.
CINEPORT - Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa - 2006 – Portugal.
Festival de Cinema de Maringá – 2006 – Brasil.
PRÊMIO:
Prêmio Fomento ao Cinema Paulista - “finalização” - 2005 – Brasil
VEJA A SEGUIR ENTREVISTA EXCLUSIVA COM OS DIRETORES DO FILME – EDU FELISTOQUE E NEREU CERDEIRA.
O material é ótimo para os veículos que não conseguiram enviar seus críticos para as cabines de imprensa (Afinal, são tantas, e com tanto blockbuster legal, né?).
- Aquela pergunta básica e tradicional pra esquentar o papo: como surgiu a idéia do filme MUSICAGEN?
· BADI ASSAD - Violonista, compositora e cantora.
· ANDRÉ ABUJAMRA - Músico, compositor, cantor.
· SEU NENÊ DA VILA MATILDE - Fundador da Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, sambista.
· MAESTRO DANIEL MISIUK - Maestro do Theatro Municipal de São Paulo, violonista, educador.
· MAESTRO JÚLIO MEDAGLIA - Maestro, arranjador, apresentador e locutor na rádio Cultura AM.
· THAÍDE - Rapper, compositor, pensador, escritor.
SINOPSE CURTINHA PARA O EDITOR DO ROTEIRO CULTURAL QUE NÃO VAI TER TEMPO DE VER O FILME:
Documentário que investiga a Música e suas vertentes, da criação à distribuição, através do confronto de opiniões de músicos, empresários, acadêmicos, artistas eruditos e populares.
SINOPSE MAIORZINHA PARA OS VEÍCULOS QUE PUDEREM DAR UM ESPAÇO MAIOR PRA GENTE:
Documentário que investiga a Música e suas vertentes, da criação à distribuição, através do confronto de opiniões de músicos, empresários, acadêmicos, artistas eruditos e populares. Esta investigação é feita a partir da música e da vida de Fernando Sardo, um luthier que tira uma sonoridade incomum de instrumentos criados com materiais reciclados. O filme traz depoimentos de André Abujamra (músico e compositor), Júlio Medaglia (maestro, arranjador, apresentador e locutor na rádio Cultura AM),. Seu Nenê da Vila Matilde (fundador da Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, sambista), Daniel Misiuk ( Maestro do Theatro Municipal de São Paulo, violonista, educador), Thaíde (rapper, compositor, pensador, escritor), Fernando Sardo (músico, compositor e luthier de reciclados), Badi Assad (violonista, compositora).
Musicagen é um neologismo sonoro, um caleidoscópio musical.
CRÍTICA POSITIVA PARA O CRÍTICO QUE GOSTOU DO FILME MAS NÃO VAI TER TEMPO DE ESCREVER A MATÉRIA:
Dirigido por Edu Felistoque e Nereu Cerdeira, o documentário “Musicagen” agrada não apenas a quem se interessa por Música, como também a todos aqueles que tenham o desejo de investigar um pouco mais a fundo o universo dos compositores de um modo particular, e a indústria cultural de uma forma mais ampla.
A partir do trabalho alternativo desenvolvido pelo músico Fernando Sardo, o filme confronta depoimentos dos mais interessantes, de compositores e maestros das mais variadas vertentes, do erudito ao popular, criando assim um instigante painel da diversidade musical e cultural do nosso país.
(insira aqui o nome do crítico do seu veículo).
CRÍTICA NEGATIVA PARA O CRÍTICO QUE NÃO GOSTOU DO FILME MAS NÃO VAI TER TEMPO DE ESCREVER A MATÉRIA:
O documentário é confuso e não marca posição sobre nada. Tenta ser moderninho e experimental, pretende brincar com a linguagem cinematográfica, mas se esquece que cinema é coisa séria. Tudo bem, os depoimentos de André Abujamra são divertidos, mas ele está meio gordo para o papel. E o Júlio Medaglia deveria ter se penteado melhor antes das gravações.
Com certeza será mais um filme de Edu Felistoque e de Nereu Cerdeira que não será indicado ao Oscar. Melhor programa é ficar em casa e ver um bom musical dos anos 50 na TV paga.
(insira aqui o nome do crítico do seu veículo).
RÁPIDAS BIOGRAFIAS E FILMOGRAFIAS.
CINEASTAS:
EDU FELISTOQUE e NEREU CERDEIRA dirigiram juntos o curta “Zagati” (2001), vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado, Melhor Roteiro no Festival de Recife e Melhor Documentário no FAM (Florianópolis). “Zagati” ainda recebeu prêmios no Port Townsend Film Festival (EUA), e nos Festivais de Teresina, Ceará e Curitiba.
A dupla dirigiu também o curta “Boi” (em 2003, exibido em Festivais pela Europa e EUA, e em mais de 15 eventos pelo Brasil) e o média “O Papel Principal”, de 2006.
Ainda a quatro mãos, dirigiram o longa de ficção “Soluços e Soluções”, de 1999.
EDU FELISTOQUE é o diretor do curta “Davi Contra os Paus-Mandados de Golias” (2007), e do média metragens “Trilhos Urbanos”, de 2005.
Dirigiu também os longas “Transe ou Transição” (2004) e “Nove Ponto Oito” (ainda inédito). No momento finaliza o longa de ficção “Inversão”, previsto para estrear em 2009.
NEREU CERDEIRA dirigiu os curtas “Cavalheiros” (2000) e “Leve-me ao Seu Líder” (2005).
DEPOENTES:
FERNANDO SARDO é pesquisador e construtor de instrumentos musicais de cordas, sopro e percussão. Para realizar seu trabalho, mistura música com artes plásticas, resultando na criação de instrumentos musicais e de esculturas sonoras construídos com matérias-primas nativas como cabaça, bambu, madeira, pedra e também metal, vidro, papel e plástico. Realiza oficinas de lutheria experimental (construção de instrumentos musicais) por todo o Brasil e exterior desde 1989. No cinema, foi diretor musical do curta-metragem “Café Amargo” (2000).
ANDRÉ ABUJAMRA, músico e produtor, estreou no cenário musical em 1985 com a terceira menor big band do mundo: a dupla “Os Mulheres Negras”. De lá para cá tornou-se selo de qualidade e criatividade em produções musicais. No cinema assinou a direção musical de várias montagens da nova safra do cinema nacional. Entre elas, “Carlota Joaquina”, “Os Matadores”, “Ação Entre Amigos”, “Domésticas”, “Bicho de Sete Cabeças”, “Durval Discos”, “Carandiru” e “Caminho das Nuvens”.
BADI ASSAD, irmã caçula dos violonistas Sérgio e Odair Assad, também seguiu carreira musical. É violonista, cantora, percussionista e compositora. Na década de 80, começou um movimento de exploração da voz e percussão do próprio corpo, sendo estas as marcas registradas de seu trabalho.
BIRA AZEVEDO, aluno de Fernando Sardo, integra o Grupo Experimental de Música, GEM. Assim como Sardo, pesquisa novos materiais para construção de instrumentos musicais, fazendo sons nunca ouvidos antes.
DANIEL MISIUK é maestro do Theatro Municipal de São Paulo, violonista e educador. Diretor artístico do projeto Theatro Municipal Visita, também é responsável pela Orquestra Acorde para as Cordas, formada por jovens carentes.
SEU NENÊ DA VILA MATILDE, neto de escravos, sambista e fundador da escola de samba que leva seu nome, começou no carnaval paulistano na década de 50. Sua história se confunde com a história do carnaval da cidade de São Paulo.
JÚLIO MEDAGLIA é um maestro que quebra barreiras no cenário da música brasileira, já enfrentou vários desafios ao montar peças ao ar livre para mais de 40 mil pessoas e ao criar a Orquestra Sinfônica Amazonas, do Teatro Amazonas em Manaus. Além de comandar programas sobre música erudita na Rádio Cultura de São Paulo. Também foi peça fundamental nos movimentos do Tropicalismo e dos Grandes Festivais da Record.
THAÍDE é um dos pilares do movimento hip hop no Brasil, apresentou o rap nacional ao mundo em 1988 com o disco “Cultura de Rua”. No cinema participou do filme “Antônia”, com o personagem Marcelo Dinamite.
ONDE “MUSICAGEN” JÀ ESTEVE:
Mostra Internacional de São Paulo - 2005 - Brasil .
Mostra do Audiovisual Paulista - 2005 – Brasil.
Festival de Cannes - Exibição Screenings - 2006 – França.
CINEPORT - Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa - 2006 – Portugal.
Festival de Cinema de Maringá – 2006 – Brasil.
PRÊMIO:
Prêmio Fomento ao Cinema Paulista - “finalização” - 2005 – Brasil
VEJA A SEGUIR ENTREVISTA EXCLUSIVA COM OS DIRETORES DO FILME – EDU FELISTOQUE E NEREU CERDEIRA.
O material é ótimo para os veículos que não conseguiram enviar seus críticos para as cabines de imprensa (Afinal, são tantas, e com tanto blockbuster legal, né?).
- Aquela pergunta básica e tradicional pra esquentar o papo: como surgiu a idéia do filme MUSICAGEN?
NEREU CERDEIRA - A idéia deste filme surgiu quando estávamos filmando o curta metragem “Zagati”, em 2003. Como o Zagatti é um catador de lixo que trabalha com reciclagem, o diretor musical do filme, Nelson Fonte, sugeriu que toda a trilha do curta fosse feita com instrumentos reciclados. Foi então que ele nos apresentou o Fernando Sardo, um especialista neste tipo de som, um sujeito que constrói violinos a partir de caixas de bombons, este tipo de coisa. Com este novo som em nossos ouvidos e em nossas cabeças, começamos a discutir, afinal, o que é Música? O que é Som? E por aí foi.
- E em que momento vocês sentiram que esta discussão poderia render um filme?
EDU FELISTOQUE – É engraçado isso. Antes de nos apresentar o trabalho do Fernando Sardo, o Nelson Fonte nos sugeriu uma trilha sonora toda feita com sintetizadores. O Nereu e eu recusamos a trilha, argumentando que a gente queria “música de verdade”, e não sintetizada.
Num segundo momento então o Nelson nos apresentou as músicas do Sardo, mas sem dizer uma só palavra que aquele som era totalmente feito com instrumentos “inventados” ou criados a partir de material reciclável. Ouvimos e ficamos apaixonados. Mas foi uma espécie de “pegadinha” que o Nelson nos pregou, pois só depois que a gente aprovou a trilha que ele nos revelou que a tal “música de verdade” que a gente queria havia sido totalmente executada por instrumentos “inventados” e reciclados. Incluindo um violino de lata (risos).
Bom, nós não acreditamos, achamos que era brincadeira do Nelson, até que a trilha foi tocada na nossa frente, com aqueles instrumentos pra lá de esquisitos.
NEREU CERDEIRA – Foi aí que a gente pensou: “Nossa, como somos preconceituosos!”.
EDU FELISTOQUE - Por conta desta apresentação do violino de lata, eu me lembrei de ter presenciado alguns ensaios dos shows do Gilberto Gil, onde ele passava o som e falava “mais azul, mais vermelho”. E na minha cabeça eu pensava: ele está passando o som ou a luz? (risos). Bom, na interpretação de Gil, o som agudo era azul, e o grave, vermelho. O som para ele era colorido. Como sou músico frustrado, fiquei remoendo esta história por algum tempo, até encontrar o Nereu que me propôs o “descobrimento” da Música. Porque o filme é isso, nós descobrindo algo que gostamos, porém sabemos muito pouco, que é a Música.
Eu acho que a melhor maneira de se descobrir alguma coisa que a gente não conhece, mas quer aprender sobre ela, é fazendo um filme sobre esta coisa. E assim nasceu MUSICAGEN.
NEREU CERDEIRA – Bom, ficamos bastante constrangidos quando vimos que era um violino de lata que produziu o som que achamos tão maravilhoso. E foi assim que surgiu a idéia de fazer esta mesma experiência, esta mesma brincadeira, com os maestros Júlio Medaglia e Daniel Misuik, registrando no filme as reações deles. Foi muito divertido! A gente passava pra eles o fone de ouvido, eles escutavam a música, sem saber do que se tratava, eles analisavam o som, falavam tudo o que achavam sobre a música, e só depois a gente apresentava os instrumentos pra eles. É muito legal perceber as reações dos depoentes, ver a cara que o Maestro Misuik faz quando sente que foi pego pela molecagem dos cineastas, a expressão do Seu Nenê da Vila Matilde quando reconhece um instrumento apresentado pela equipe como um que ele fazia quando menino.
O filme também é isto. Fomos buscar junto a estas figuras a impressão do som, o que cada um representa, a busca inconstante pela música.
EDU FELISTOQUE – A música é uma forma muito antiga de comunicação, que passa muita emoção. E a pergunta é: como uma coisa dessas pode se transformar em um produto comercial? Hoje o que parece valer mais do que tudo é a produção industrial de CDs e DVDs, ganhar dinheiro e viver da fama. Decidimos pesquisar também este panorama atual. O filme acabou sendo uma experiência sensorial para apaixonados por música, como eu. Nós falamos experiência porque queríamos testar vários setores e leituras da música, testar as reações que conseguiríamos obter com o teste da apresentação de um som inusitado, e a partir desta inquietação começamos a colher o material para o filme.
NEREU CERDEIRA - Como a gente trabalha com Cinema, para começar o filme resolvemos exatamente fazer um comparativo da música com o Cinema, desde a criação, como é o processo criativo de cada músico, principalmente do Fernando Sardo, que também é luthier. Quisemos incluir todos os estágios da criação musical, até o produto final, a Música pronta para ser absorvida pelo mercado. O filme tentou mapear todo este processo, do início ao fim, com essa experiência sensorial, misturando duas vertentes: a comercial e a sensorial. Daí surgiu MUSICAGEN, que é um nome que já diz tudo.
- Pra mim não diz, não (risos). O que significa esta palavra?
EDU FELISTOQUE – MUSICAGEN é um neologismo, um título escolhido pelo Nereu, uma palavra que lembra molecagem, brincadeira. Um tipo de música como deve ser, que vem direto da alma. A palavra termina com a letra “n” para confundir mesmo, para perturbar, para fugir do que é comum e tradicional. O correto seria terminar com “m”, mas a gente não está em busca do que é o correto. Então está errado? Não, não está errado. É apenas uma provocação.
Tem até um momento do filme em que o Abujamra diz que prqa vender melhor, tudo precisa ter um bom título. E é exatamente o que aconteceu com MUSICAGEN. Vamos tratar de Música, mas de uma forma espiritual, de alma, que é o que ele faz.
Além do que tem o “gen” de Genética embutido no título.
- Vocês sabem que dificilmente MUSICAGEN baterá a bilheteria de Batman e Homem-Aranha, certo?
NEREU CERDEIRA (fingindo espanto) – Ah, não!!! (risos). A gente sabe que o filme é difícil, justamente por ser provocativo, mas é esta exatamente a intenção. É um filme de detalhes, de sutilezas, que está muito nas entranhas. Não é pra sentar, consumir e se divertir. É um onde as expressões de cada depoente contam demais.
Foi uma experiência total, mas a gente sabia o que queria: ir no fundo da genética da Musica, vamos descobrir, vamos entender o que é essa Música, de onde ela vem, como se cria e como ela soa no ouvido de cada especialista no assunto.
O que contribuiu muito também a montagem do Renato Neves. Ele pegou muito bem esse espírito. Se você perceber, o filme tem muito ruído de imagem, sujeira, tudo muito cru. Isso faz parte da discussão entre o que é som e o que é ruído.
EDU FELISTOQUE - O filme também se preocupa em ver as reações de representantes de vários setores musicais, do erudito ao popular, do sambão à musica clássica, passando pelo rap que é um mix moderno, passando pela world music do Abadia Sadi, o Seu Nenê que é o sambão, enfim, essa preocupação de atingir e ver a reação dessas varias vertentes musicais. O filme foi acontecendo na medida em que filmávamos, porque nós descobríamos e investigávamos à medida que a curiosidade sobre o tema aumentava. Foi por conta destas descobertas que aconteceram durante as filmagens que surgiu a idéia do debate virtual entre o Maestro Júlio Medaglia e o Thaíde, que teve um resultado interessantíssimo, com cada um falando no seu tempo o sentido que a Música traz para eles. No início desse debate você pensa que eles estão brigando feio, mas no final percebe que eles falam a mesma coisa, no sentido musical. Isso a gente foi descobrindo, o filme é livre de construção, o cinema de invenção como a gente brinca no meio do filme, música de invenção, essa grande inventividade.
NEREU CERDEIRA - O que se discute também em MUSICAGEN é a importância do trabalho do músico ser reconhecido pelo grande público. Não adianta o músico falar que não quer ser celebridade, porque no fundo ele quer que seu trabalho seja conhecido e apreciado pelo maior número de pessoas, por mais alternativo que ele seja.
EDU FELISTOQUE - A gente provoca muito, a gente pergunta muitas vezes o que é fama. Fama é muito relativo, mas cada um dos depoentes necessita dela, cada qual a seu modo. Na Música e no Cinema é a mesma coisa. Não existe esta história de “eu não faço isso pra buscar fama, não quero ser celebridade”. O artista sempre quer mostrar seu trabalho e ser reconhecido por ele.
- O jeito de cada depoente ser creditado no filme também é bem diferente, não?
EDU FELISTOQUE – Bom, o filme está cheio de molecagem. Uma delas foi nomear os depoentes em tom de brincadeira. Por exemplo, o Júlio Medaglia, que é um super estudioso do assunto, é o “músico teclabranca”. Bom, isto na nossa cabeça, mas o público está livre para achar outras respostas para estas nomenclaturas. A resposta destas nomenclaturas depende do que o indivíduo sentiu ao ver o filme, é de livre interpretação.
É uma brincadeira. Existe uma subjetividade enorme, volto a dizer, nossos filmes sempre perguntam pra caramba, sempre perguntando e sem se preocupar em responder, em explicar. Quem responde é o público. Eu acho uma delicia, porque a gente não entrega o pacote pronto, então o filme continua a ser exibido depois da sala de cinema, na cabeça de cada um.
- Por que vocês, como cineastas, optaram por também aparecer diante da tela, deixar transparecer o equipamento de filmagem, estas cosias? É uma tendência do documentário atual?
NEREU CERDEIRA – Pra nós é importante humanizar, desmistificar, tirar os músicos do pedestal pra gente se colocar junto com eles. Pra nós, um super luthier e um fabricante de instrumentos de lata têm o mesmo valor.
O filme não tem a pretensão de ser certo, porque isto é muito relativo. Por isso em várias cenas nós, os diretores, aparecemos tirando dúvidas com as pessoas que participam do filme. Nós estávamos mergulhados na idéia de descobrir o que é música, som, ruído e fazer com que o espectador participasse deste processo de descoberta junto conosco.
EDU FELISTOQUE - Outra característica do filme é desmistificar a questão de que música boa não chega na periferia porque é muito cara. A partir do momento que mostramos que um violino de R$1,00 tem um som de ótima qualidade e as pessoas que moram na periferia têm interesse em aprender a tocá-lo, nós provamos que este mito não existe.
Outra coisa que descobrimos juntos com o espectador é o interesse que músicos consagrados como o Abujamra e o Abadi demonstram em tocar os instrumentos reciclados. É muito interessante perceber a descoberta dos sons que eles fazem e suas reações. Não sei se isto tem a ver com o fato dos dois fazerem world music, porque os outros músicos entrevistados não demonstraram interesse em pegar o instrumento e senti-lo.
- Ficou muito material de fora na hora da montagem?
EDU FELISTOQUE - Bom, você sabe que diretor em sala de montagem é complicado, né? Sim, nós tivemos que cortar muita coisa, tinha um material que daria pra ser proveitoso, só que também precisa adequar o filme ao mercado, ao público. Dava muito bem pra fazer um filme de duas horas e meia ou três horas de duração. Mas ele ia interessar especificamente ao público musical.
Optamos por uma edição bem mais enxuta de 75 minutos para deixar o filme mais acessível a um maior numero de pessoas.
NEREU CERDEIRA - Tem muita coisa interessante que vai ficar para os extras do DVD. Desde a criação até a indústria. Principalmente a parte do “faça seu instrumento para fazer a sua música”, essa idéia de que o instrumento não precisa ser caro.
FICHA TÉCNICA COMPLETÍSSIMA:
MUSICAGEN
Documentário, Brasil, 2008
75 minutos
Direção e Roteiro:
Edu Felistoque e Nereu Cerdeira.
Depoimentos de:
BADI ASSAD - Violonista, compositora e cantora.
ANDRÉ ABUJAMRA - Músico, compositor, cantor.
· SEU NENÊ DA VILA MATILDE - Fundador da Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, sambista.
MAESTRO DANIEL MISIUK - Maestro do Theatro Municipal de São Paulo, violonista, educador.
MAESTRO JÚLIO MEDAGLIA - Maestro, arranjador, apresentador e locutor na rádio Cultura AM.
THAÍDE - Rapper, compositor, pensador, escritor.
Produtora : Assunção Hernandes
Produção Executiva: Edu Felistoque e Luciana Okawara
Direção de Produção: Edu Felistoque.
Direção de Fotografia: Caco Souza.
Direção Musical: Nelson Fonte.
Montagem e Edição de Som: Renato Nery.
Transfer/35mm: Wrander Cine & Vídeo: Airton, William e Eduardo.
Técnico de Som: Kadu Melo.
Som Direto: Igor de Lima Pêra.
Produção: Cecília Mota, Fabrício Marinho, Zeca Paixão, Juliana Campos,
Lu Lopes, Debora Gesualdi , Leonardo Mecchi, José Bosco
Contabilidade : Roberto Fernandes
Controller : Maraci Mello
Assistente de Direção: Marcos Gonçalves.
Assistentes de Produção: Marina Segalla e Pablo Casalle.
Operadores de Câmera: Edu Felistoque, Emerson Bueno, Fernando Sardo, Janílson Lima, Jean Carlo Velloso, Júnior, Mirian Matsuda Sardo, Nereu Cerdeira,
Renato Nery, Zeca Paixão.
Eletricista: Janílson Lima.
Motoristas: Marcos Crozino, Sérgio Cabral.
Montagem off-line: Conrado Pêra.
Assistente de Montagem off-line: Guga.
Som e mixagem: Zons e Leo.
Produção lançamento : Rafael de Franco
Assessoria de Imprensa e Press Book: Planeta Tela – Celso Sabadin
e Carolina Bressane.
Comercialização : Vítor Meloni
Versão para o Inglês: Silvio Puertas.
Laboratórios: Cinema São Paulo/ Labocine.
Participações Especiais:
Alessandro da Silva - Diretor Artístico da Gravadora Sonopress, chefe de Antônio Gonçalves, não conhece o Sardo.
Antônio Gonçalves - Técnico de Som da Sonopress, subordinado de Alessandro da Silva.
Fernando Sardo - Luthier, músico, educador, pai da Kiara, marido da Miriam, amigo do Bira, fundador do GEM - Grupo Experimental de Música.
Bira - Músico, percussionista, amigo e parceiro de Fernando Sardo.
Flávio Cruz - Músico, compositor, ex-aluno de Fernando Sardo.
Edu Felistoque - Diretor, roteirista, fotógrafo, cinegrafista, parceiro de Nereu na direção do filme.
Nereu Cerdeira - Diretor, roteirista, parceiro de Edu na direção do filme.
Miriam M. Sardo - Dançarina, professora de dança, mãe de Kiara e esposa de Fernando Sardo.
Maria Ângela do Rosário - aluna de Fernando Sardo.
Zenália Pereira Veloso - aluna de Fernando Sardo.
Juliana Campos - Assistente de produção.
Grupo GEM - Fernando Sardo, Bira, e seus ex-alunos Flávio, Rodrigo, Léo, Sallun e Fábio.
Kiara M. M. Sardo - Filha de Fernando e Miriam Sardo.
Rodrigo O. P. Santos
Luciano Sallun
Leonardo Cinezi
Fábio A. S. Marques
André Mattos Pereira
Agradecimentos:
SESC Itaquera, SESC Ipiranga, SESC Interlagos, SESC Santo André, EMIA de Santo André, Luciana Okawara e família, Juliana Campos e família, Camila O. Sautchuck, Farid Tavares, Janilson Lima, Igor de Lima Pêra, Studio Mosh, Conrado Pêra, José Carlos Donato da Silva, Antônio Sardo, Antônia Aparecida Gasparini Sardo, Nelson Fonte, Sílvio Puertas (Dublamax), Teatro Municipal de Santo André, Antônio Riva (Depósito de Lixo de Santo André), Família Felistoque, Família Cerdeira, Diego Cagnani, Vila Brasilândia, Ricardo Lise, Dona (Tia) Alice, Fundação Padre Anchieta, Sonopress, Pizzaria Só Riso, Gisele L. R. Azevedo, Rozini Instrumentos Musicais, Paulo Mario Balduíno, Hilda Pereira Lucera, Antônio Carlos Laroza, Jorge Pires de Lima, Ernesto Teixeira Coelho, Eduardo José Moreira, Fernando Gerardi, Vanilda Fernandes, Gracinda Eustáquio dos Santos, Ana Paula da Silva, Carlos Rogério Amorim, Rodrigo Yuji Ito, Lílian Godinho Hokama, Flora Reyes, Edgar Armeliato, Matheus Augusto Ferreira, Ricardo Henrique Ávila Lupe, Gilmar Francisco Oliveira, Renata Franco Severo, Ananda Estefânia Pliopas Pereira, Murilo Martin Lana Raposo, Vera Lúcia A. Navarro Aceto, Oswaldo Junior Torregan, Larissa Padula Ribeiro da Fonseca, Keila Cristina Tayra Yonashiro, Vera Lúcia Verbisch Bombonatti, Viviane Ap. Moura Pini, Eliane Aparecida dos Santos da Silva, Marisa Helena Santiana, Ligia Chagas D. Dias, Gisele Lovalho Vicenzi, Aguimar Nunes de Souza, Tiago da Silva, Patrícia Rita Faulatino, Paula Squarcino Simionato Sciola, Alexandre Menghi Vendruscolo, Alexandre de Jesus, Edgar Calixto da Silva, Cristiane M. Q. de Jesus, Alberto Alves da Silva, Giselle Loiacono Ramos de Azevedo, Rodrigo Oliveira P. dos Santos, Fabio Augusto de Sousa Marques, Débora M. Lobato, Everton M. Lobato,
Veridiana Jordão Costa, Rosemeire Pintor Fabri, Luiz Fernando Garcia dos Reis,
Elisângela Caboclo da Silva, Leonardo de Laquila, Valter Jursys Filho, Terezinha Viveiro Cabral de Almeida, Jackeline Melanias dos Santos, Kelvin Melanias dos Santos, Cristian Huaiquiñir, André Mattos Pereira, Antônio Machado, Anjinho.
DISTRIBUIÇÃO : Poli Filmes / Raiz Distribuidora
Fotos Still do Filme Musicagen
Assista alguns trechos do filme no youtube:
Musicagen.
Musicagen.
Musicagen Fernando Sardo
Musicagen. Seu Nene da Vila Matilde
Musicagen. Bira azevedo
http://www.youtube.com/watch?v=LyOCEbD3JoY
Musicagen. Andre Abujamra
Musicagen. Andre Abujamra
Musicagen.Thaide
Musicagen. Maestro Julio Medaglia
Musicagen. Badi Assad
Musicagen. Mirian Sardo
Musicagen. Maestro Daniel Misiuk
Contato: Raiz Produções
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